sábado, 2 de abril de 2011

Apreciação e Análise Musical III

MÚSICA - PEQUENO QUARTETO DE CORDAS E SOPROS Nº 7

Compositor: Tasso Bangel



Vida e Obra

Tasso Bangel é um compositor brasileiro nascido em Taquara, Rio Grande do Sul, em 1931. EStudou e formou-se em piano, acordeão e matérias teóricas, no Instituto de Belas Artes e no Instituto Musical Porto Alegre. Posteriormente se aprofundou em composição, orquestração e regência, com os maestros Roberto Eggers e Salvador Campanella.
Em 1948, formou o Conjunto Farroupilha, grupo vocal pioneiro que se apresentou e levou o som e as cores do Brasil, para diversos países das Américas, Europa e Ásia.
Em 1950, participou da primeira transmissão de televisão no Brasil, na TV Tupi de São Paulo. A partir desse ano começou a compor e fazer arranjos orquestrais, sendo iniciada a gravação de 23 álbuns com os Farroupilhas e de duas obras de câmara e sinfônicas.
Com o Conjunto Farroupilha recebeu praticamente todos os prêmio atribuídos a grupos vocais, nos setores de rádio, televisão e shows, inclusive discos de ouro.O Conjunto durou 42 anos com apresentações e gravações pelo mundo.
Conquistou em diversos anos, quatro prêmios da APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte, como grupo vocal, compositor de música de câmara e sinfônica.
Em 1985, gravou com a OSESP - Orquestra Sinfônica de Estado de São Paulo e Mto. Eleazar de Carvalho, sua sinfonia N°1 "Farroupilha" e a Suíte Sinfônica "Rodeio Crioulo".
Em 1989, publicou o livro "O estilo gaúcho na música brasileira" pela Ed. Movimento.
Em 1991, foi levada a cena em quatro récitas com a OSPA - Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, e cantores, sua ópera "Um Romance Gaúcho". Também nesse ano, formou o Grupo Tom da Terra, na Universidade Livre de Música, e, em 12 anos de atividade com o octeto vocal, realizou centenas de shows e gravou dois CDs.
Em 1994, ua ópera Romance Gaúcho venceu um concurso nacional de composição.
Em 1997, iniciou suas atividades junto ao Projeto Guri, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, como arranjador, compositor e regente.
Em 1998, professor nos cursos de Arranjo e Composição na ULM.
Em 1999, foram publicados pela Ed. Vitale, seus "Cinquenta Estudos Brasileiros", para cordas e sopros.
Em 2010, professor de Composição e Arranjo no Instituto de Artes da UFRGS - Universidade Ferderal do Rio Grande do Sul.
Recebeu diversas honrarias, como a "Ordem do Mérito Cultural Carlos Gomes", a "Medalha Simões Lopes Neto" do governo gaúcho por seu relevante trabalho cultural, assim como o "Prêmio Joaquim José Felizardo", a "Medalha Artes Musicais" na URSS, destaqque como compositor, pelo musicólogo Vasco Mariz, em seu livro "História da Música no Brasil" e o Diploma de Honra da Ordem dos Músicos do Brasil, entre outras.
Compositor de mais de 300 obras entre estudos, música vocal, de câmara e sinfônica.
Suas composições têm um caráter nacionalista, fazendo uso do folclore gaúcho e brasileiro. Vasco Mariz o compara a Radamés Gnatalli, e Luiz Roberto Trench diz que suas obras "possuem uma clareza de escrita, qualidade de inspiração, fluência e autenticidade gaúcha, e uma luminosidade de concepção acima do regional, que representam soberbamente o nosso nacionalismo musical a nível internacional".


Entre suas composições, destacam-se:

* Sinfonia concertante para três flautas
* Sinfonia nº 1 (Farroupilha)
* Suíte Sinfônica Rodeio Crioulo
* Suítes gaúchas N° 1 e n°2 para orquestra de cordas
* 48 Sextetos de Cordas
* Poemas sinfônicos De Cabral a 2000, Jesus de Nazareh, e Rio Grande Chucro
* Concerto para flauta e orquestra
* Ópera Um Romance Gaúcho.
* Trio para piano, viola e clarinete.
* 5 Fantasias Sinfônicas: Gauchíssima, Coração Gaúcho, Querência, Fronteiras e Raízes.


Parte -se agora para a análise da música Pequeno Quarteto de Cordas e Sopros nº7, quanto:

Ao Compasso: 6/8 - Trata-se de um compasso binário composto! Segundo muitos livros de teoria, para se chegar a um compasso binário composto, multiplica-se o numerador de um compasso binário simples por 3 e o seu denominador por 2. É justa a afirmação, porém pelo nosso entendimento, as formas de compasso refletem muito do cultural dos povos que o praticam, ainda em seus folclores... Mas de volta à teoria, no caso do 6 por 8, cada compasso ficará preenchido por seis colcheias. Por conseguinte, cada um dos dois tempos do compasso (duas semínimas pontuadas) subdivide-se em três terços de tempo (três colcheias).


Ponto de aumento: É um ponto colocado à direita da cabeça da nota, que tem a função de aumentar a metade do valor que essa nota possuia antes de receber tal ponto.


Por conta da pesquisa sobre compasso, realizada para conhecer as características do compasso 6 por 8, contido no Pequeno Quarteto de Cordas e Sopros nº7, para podermos visualizar e comparar as diferenças, vamos incluir nesse trabalho também exemplos de compassos simples.


Para conhecermos a origem dos denominadores na formação dos compassos, recorre-se ao quadro ou árvore contendo números, figuras, nomes e pausas, encontrados nos livros de teoria musical. Esses denominadores são sempre números referentes às figuras musicais às quais são relativos. Ou seja, no caso do denominador 8, a figura referente é a colcheia. Por isso no compasso 6 por 8, temos seis colcheias preenchendo um compasso. O número inferior indicará o tipo de figuras musicais em que se subdivide a unidade de tempo, e o número superior o total dessas notas no compasso.

Para uma melhor compreensão, é importante esclarecer que um compasso é formado por duas figuras: uma que indica a unidade de tempo e outra, a unidade de compasso. A unidade de tempo indica a figura que preenche um tempo do compasso e a unidade de compasso, a figura que preenche todo um compasso.

Destacando-se a diferença entre compasso simples e compasso composto, o compasso simples é aquele cuja unidade de tempo é representada por uma figura divisível por dois. Tais figuras são chamadas de simples, ou seja, não são pontuadas.

Quanto à divisão por dois das unidades de tempo dos compassos simples, nos compassos de denominador 2 (número relativo à figura da mínima), por exemplo, cada uma dessas figuras "mínima" pode ser dividida em DUAS semínimas; ou nos compassos de denominador 4 (número relativo à figura da semínima), cada uma dessas figuras "semínima" pode ser dividida em DUAS colcheias, etc.

Já o compasso composto é aquele em que a unidade de tempo é um valor composto, ou seja, divisível por três, e consequentemente, pontuado. Quanto a essa divisão por três, segue a lógica de uma figura simples (divisível por dois) adicionada do valor do Ponto de Aumento, que acrescenta uma metade dessa figura simples que recebeu o Ponto.

O compasso binário simples e o compasso binário composto podem ser chamados de compassos correspondentes porque ambos têm dois tempos e a mesma figura rítmica como Unidade de Tempo - no simples a U.T. é a semínima, existindo duas delas por compasso, e no composto, a U.T. é a semínima pontuada, também existindo duas delas por compasso.


À Textura musical:

TEXTURA POLIFÔNICA: Quando a melodia principal é acompanhada de duas ou mais melodias simultâneas. São melodias separadas e independentes que se entrelaçam no meio do caminho, periodicamente, formando harmonias e sucessões de acordes.

Este tipo de textura está relacionado com o contraponto. O contraponto é uma técnica utilizada na composição, onde duas ou mais vozes são criadas levando-se em conta simultaneamente o perfil melódico de cada uma delas e a qualidade do intervalo e da harmonia gerada pela sobreposição de várias melodias. O termo tem origem no latim punctos contra puntum (nota contra nota) e surgiu no Período da Idade Média onde buscou-se traduzir a fé religiosa através da música.


À Instrumentação:

A música Pequeno Quarteto de Cordas Nº7 de Tasso Bangel é escrita para: Violino I, Violino II, Viola e Violoncelo, na parte das cordas, e Flauta, Trompete, Sax Alto - Eb e Sax Tenor - Bb, na parte dos sopros. São, na realidade, dois quartetos independentes, um de cordas e outro de sopros, mas que podem ser executados simultâneamente, dobrando cada uma das quatro vozes entre as cordas e os sopros. Todos os instrumentos tocam melodias independentes que estão na tonalidade de Dó Maior.

A tonalidade de Dó Maior não possui nenhum acidente e, por conseguinte, forma os seguintes acordes em tétrade: C7M, Dm7, Em7, FM7, G7, Am7 e Bm7(b5).

Obs: Para podermos trabalhar essa peça, nessa edição da oficina, tivemos que adaptar a instrumentação, pois nosso grupo dispunha de dois violões, um sax alto e um piano. Assim, o piano tocou a primeira e a quarta voz, o sax alto, a terceira voz, como no original da grade de sopros, um dos violões tocou a segunda voz e o outro violão ficou encarregadado da harmonia, tocando a parte cifrada.

À Harmonia:

ACORDE - GRAU - FUNÇÃO
C - I - T
Dm7 - ii7 - Sr
G7 - V7 - D
G7/9/4 - V7sus - Dsus
F - IV - S
F#° - #iv° - Dim. Aux. 3ª inv.
E7 - V/vi - D/Tr
Gm6 - iv6/ii - s/Sr
A7 - V7/ii - D/Sr
Am - iv - Tr


À Dinâmica:
Os instrumentos variam entre mezzo-forte e piano no transcorrer da música.


Ao Caráter-expressivo:
A música transmite uma sensação de simplicidade, tem um certo tom infantil no sentido da leveza e da noção de brincadeira que ela nos passa.


*Uma produção em conjunto da turma - Oficina de Criação Musical, 2010/2011.
Integrantes: Wagner Rodrigues, Flávia Matias, Francisco Pisseti e Luis Carlos.
Orientador: Diego Costa.


Referências:

http://teoriadamusica.blogspot.com/2007/10/compassos-compostos.html

http://pt.scribd.com/doc/49588213/21/COMPASSOS-SIMPLES

http://pt.wikipedia.org/wiki/Compasso_%28m%C3%BAsica%29

http://www.oswaldogalotti.com.br/materias/read.asp?Id=650&Secao=110

http://pt.wikipedia.org/wiki/Contraponto_%28m%C3%BAsica%29

http://www.tecnet.pt/portugal/ref/40068.html

MATTOS, Fernando. Tipologia dos acordes. Instituto de Artes da UFRGS, 2008.

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